domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Sensacionalismo e a irresponsabilidade da mídia

O julgamento do Caso Eloá que terminou com uma condenação de 98 anos a Lindemberg Alves Fernandes e, por incrível que pareça, o caso sei lá o que do bebê sei lá o que da doutora sei lá quem de Fina Estampa, que por acaso estava assistindo ontem me preparando para o carnaval me fizeram pensar no papel da imprensa nesses casos de grande repercussão. Em todos os cantos a imprensa se pinta como a voz da democracia e qualquer forma de controle sobre a mesma representa uma afronta ao Estado de direito.
Uma cena do "Show da Eloá", o programa mais assistido na TV em  2008.

O problema é que por vezes, a própria imprensa é uma afronta ao Estado de direito. Vamos ao caso Eloá, por exemplo. Durante dias o sequestrador manteve encarcerada da namorada, Eloá Cristina Pimentel, em seu apartamento, um bloco da CDHU no ABC paulista. De cara, o caso foi transformado em espetáculo pela mídia, que em busca de AUDIÊNCIA, sim leitor, o principal objetivo da impresa é audiência, não democracia, AUDIÊNCIA, mostrou ao vivo, em cores, e não em HD, porque ainda não tinha chegado ao Brasil na época, os horrores enfrentados pela jovem e por sua amiga Nayara além de dois gatos pingados coadjuvantes nessa história toda.

Esse reality show da mídia contou com momentos impressionantes quando repórteres de vários meios de comunicação conversavam com o sequestrador, uma atitude perigosa que podia por em risco os reféns. A apresentadora Sônia Abrão, aquela que adora vender uma câmera que é uma porcaria (não comprem!), chegou a entrevistar o sequestrado ao vivo, AO VIVO, bloqueando a linha que era usada pelo negociador.
A morte daquela garota ajudou a vender isso aqui.

Esse caso é apenas um exemplo sobre como a mídia pouco se importa com o que está em jogo em cada caso, seu objetivo é simplesmente faturar em cima de histórias, independentemente do caso. O que garante que Lindemberg não prolongou o sequestro por estar gostando da repercussão?

Comum também é a imprensa criar o lado do bem e o lado do mal, sempre visando fisgar o telespectador com suas historinhas. O problema nesse caso que nem sempre o "lado do mal" tem todo o mal e nem sempre o "lado do bem" é santinho. E aí? Aí que a famosa, linguaruda e crucificante opinião pública, que nem sempre conhece todos os lados da história acaba por definir um desfecho muitas vezes injusto. Não estou defendendo Lindemberg, seu caso apenas foi um exemplo do "Show da Mídia". O que estou falando é que esta mídia sensacionalista que pinta o Brasil de cores nem sempre corretas não pode sair por se exibindo como "pilar da democracia".

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